sábado, 31 de março de 2012

O outro !


Do outro, o que me toca bruscamente e me rapta é a voz, a queda dos ombros, a silhueta esbelta, a quentura da mão, o jeito de sorrir.. A partir daí, o que vai me importar a estética da imagem?

 Alguma coisa se ajusta exatamente ao meu desejo, do qual tento ignorar tudo; não levarei em conta o estilo, mas talvez a semelhança de um grande modelo cultural que virá me exaltar. 

Posso me sentir atraída por uma pose ligeiramente vulgar ou feita para provocar, há trivialidades sutis, móveis, que passam rapidamente pelo corpo do outro, um jeito rápido de afastar os dedos, de abrir as pernas, de mexer os lábios carnudos, de se ocupar de algo muito prosaico, de tornar o corpo idiota por um segundo para se conter.

O que mais fascina na trivialidade do outro, é que, talvez, por um breve momento, o surpreendo como um gesto de prostituição, isso se refere a uma parcela de prática, e ao mesmo tempo um momento fugitivo de uma postura  e de um esquema.

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