sábado, 31 de março de 2012

O outro !


Do outro, o que me toca bruscamente e me rapta é a voz, a queda dos ombros, a silhueta esbelta, a quentura da mão, o jeito de sorrir.. A partir daí, o que vai me importar a estética da imagem?

 Alguma coisa se ajusta exatamente ao meu desejo, do qual tento ignorar tudo; não levarei em conta o estilo, mas talvez a semelhança de um grande modelo cultural que virá me exaltar. 

Posso me sentir atraída por uma pose ligeiramente vulgar ou feita para provocar, há trivialidades sutis, móveis, que passam rapidamente pelo corpo do outro, um jeito rápido de afastar os dedos, de abrir as pernas, de mexer os lábios carnudos, de se ocupar de algo muito prosaico, de tornar o corpo idiota por um segundo para se conter.

O que mais fascina na trivialidade do outro, é que, talvez, por um breve momento, o surpreendo como um gesto de prostituição, isso se refere a uma parcela de prática, e ao mesmo tempo um momento fugitivo de uma postura  e de um esquema.

terça-feira, 27 de março de 2012

Eu seria [...]




'        Quem me dera se me fosse dado o poder de ser silêncio.
Não faria nada ao som, mas seria mais um tom, uma nota por extenso.
Quem me dera se me fosse feito uma jóia de valor.
Não seria orgulhosa, prepotente ou presunçosa, só seria uma sonhadora.
Quem me dera se me fosse achado uma parte do meu mundo.
Não teria fantasia, tão somente alegria de um louco vagabundo.
Quem me dera mais ainda ser o sol que te clareia.
Não seria um astro só nem tampouco um galho sem nó.
E sim, ser o sangue de tua veia. '

sexta-feira, 23 de março de 2012

Incondicional (Ls Jack )

Uma questão de alma o azul do teu olhar marcado a tanto tempo, o dia e o lugar, e ainda tenho a eternidade pra gente caminhar, na saúde e na tristeza, na riqueza de te ter um amor de mãe pra filho.
Minha só felicidade, o céu te fez nascer e eu morrendo de saudade, no segundo sem te ver. Incondicional amor, incondicional se for um querer total, um amor real.
O menino dos meus olhos, tão pequeno que nem sei, meu pedaço mais bonito, sem culpa de viver, que floresce meu caminho e o motivo é você.

"http://www.youtube.com/watch?v=EgRiEhA8Oi4"

quarta-feira, 21 de março de 2012

Eu-te-amo não é um sitoma é uma ação

Dizer eu-te-amo é fazer como se não tivesse nenhum teatro da fala e é uma palavra sempre verdadeira. Eu-te-amo não tem distanciamento. É a palavra da díade(apaixonado-maternal); nela não há nenhuma distância, nenhuma deformação e não é metáfora de nada.
Eu-te-amo não é uma frasa, não permite um sentido, mais se prende a uma situação, ' aquela em que o sujeito está suspenso numa ligação especular com o outro'. Embora seja dito milhares de vezes, eu-te-amo não está no dicionário; é uma figura cuja definição não pode exceder o  título.
Eu-te-amo não é da odem, nem da linguística, nem da semiologia. Sua instância seria mais exatamente a Música. A exemplo do que acontece com o canto, no proferimento do eu-te-amo, o desejo não é nem reprimido, nem reconhecido, mais simplismente gozado. O gozo não se diz; mais ele fala e diz: eu-te-amo.
Fico certamente mais anulado se sou rejeitado, não apenas como pedinte, mais também como sujeito falante, pois é a minha linguagem que é o último minuto da minha existência.
O sofrimento...
 O sofrimento de um amor não será da ordem de um tratamento reativo ou depreciativo? Ou imaginar uma visão trágica do eu-te-amo? (RESPONDA).
Eu pronuncio eu-te-amo para que você responda e a forma escrupulosa da resposta terá um valor efetivo, como se fosse uma fórmula. Não é portanto suficiente que o outro me responda por um simples significado, mesmo que seja positivo "eu também".
Dizer eu-te-amo é expulsar o reativo, e ser lançado no mundo surdo e dolente.

                                                                                    --- Roland Barthes

segunda-feira, 19 de março de 2012

Floooor ;*


E o que resta no fim de toda essência é o rastro do aroma incolor de um sentimento negado à mercê dos tempos.
A nostalgia de um passado pouco remoto, onde a vida era o mesmo que flor, e flor levava nome de amor.
E temo que para toda flor exista o tempo, que mata, que cura, que revive um determinado fim.
E, no fim, aos mortais restam apenas pétalas secas, com a idealização de um verão passado, onde os poetas vivam muito bem com seus jardins de flores.

terça-feira, 6 de março de 2012

Um Beijo (Olavo Bilac)

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...